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Arquitetos: Radiz Arquitectura
- Área: 490 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Alejandro Gómez Vives
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Fabricantes: AutoDesk, CYPE Ingenieros, Ezcaray Internacional, Faveton Terracota S.L., Keyter, Trimble Navigation
Descrição enviada pela equipe de projeto. Brea de Aragão é uma região representativa do que ficou conhecida como a "Espanha vazia". A população desse país se concentra principalmente no litoral e em algumas cidades do interior, como a capital Madri e também Zaragoza, criando entre essas áreas grandes extensões com a menor densidade populacional da Europa.
A região de Aranda, que leva o nome de um dos rios que a atravessa, era uma conhecida zona de fabricação de calçados e essa tradição continua presente, mas a mudança na produção global mergulhou tal atividade em uma profunda depressão. Brea precisava de uma instalação que abrigasse a paixão musical e folclórica de seus habitantes e também fornecesse novos serviços ao município.
Nesse sentido, havia um armazém de propriedade municipal que era uma antiga fábrica de sapatos de grande interesse arquitetônico, mas negligenciada e com alguns de seus valores ocultos. Decidimos unir essas duas questões para abrigar os usos mencionados no próprio armazém.
Com todos esses antecedentes, o projeto consiste em duas partes: a primeira delas é o armazém existente. Esse armazém apresentava uma personalidade muito forte e nós apenas tentamos valorizar seus elementos construtivos: tijolos tradicionais, pedras e vigas de madeira. Nele foram situados o teatro e o cinema.
Nessa estratégia conservadora, todos os vãos originais são mantidos. A maioria deles é preservada como está, incluindo suas características grades, entretanto, alguns sofrem modificações de acordo com a nova função, tornando-se portas, tanto para o exterior quanto para conectar o armazém ao novo hall. Dentro dessa estrutura preservada, a sala possui uma inclinação que facilita a acessibilidade para todo o público. Sobre esse plano, as poltronas são dispostas de forma a facilitar a visibilidade.
O tratamento interior da sala tem como premissa a honestidade construtiva para que os elementos preservados, como as vigas, se relacionem com os novos elementos, como pisos, cortinas opacas para as janelas e circuitos de ventilação, que em uma utilização como essa têm uma grande presença.
A segunda parte trata-se de uma nova construção e visa destacar o armazém reabilitado por contraste. Isso é materializado através de uma geometria orgânica que expressa as circulações do prédio: escadas, vistas que são enquadradas, entradas, etc. Ela é construída com uma pele cerâmica verde-água, com ondulações em duas direções que conferem ao volume características muito distintas.
Essa parte abriga os usos auxiliares: acesso e bilheteria, banheiros e o foyer com um pequeno bar. O grande desafio foi o diálogo entre essas duas partes. "A nova companhia" une, abraça, afasta, aproxima, contempla e penetra o armazém existente, tornando-o o protagonista absoluto da intervenção. É um passo em direção ao passado produtivo e construtivo de Brea de Aragão para impulsionar e dotar a localidade de uma instalação para o futuro.